sexta-feira, 1 de abril de 2011

O julgamento da Capitu







A 4ª feira amanheceu movimentada na Escola...
Montagem de cenário, banco de réus, roupas pretas de juízes e vestidos longos para a caracterização "das Capitus", sim, eram duas, uma da manhã e uma da noite, tudo isto antecedendo um  emocionante julgamento...
Julgamento da Capitu,  neste dia, absolvida num turno e condenada no outro.
A atuação dos alunos foi brilhante. Estão todos de parabéns!
Abaixo, postamos um texto, enviado pela professora Olívia , que nos faz entender melhor  o  trabalho tão bem realizado.


Ler, compreender e interagir com os sentidos do texto

                                                           Professora Olivia Coldebella

A sociedade e o mercado de trabalho exigem cada vez mais um cidadão capaz de ler e interpretar textos de forma eficaz, o que leva a escola a desenvolver um trabalho diversificado na tentativa de, com criatividade, incentivar a leitura, para a formação de um aluno crítico, participativo, leitor.
Quando o aluno chega ao Ensino Médio, apresenta dificuldades de leitura e interpretação de texto, talvez pela grande importância que o currículo escolar dê à gramática normativa, talvez pela dificuldade que o texto literário apresente, pois muitos alunos não conseguem estabelecer uma ponte, necessária para a compreensão e o desenvolvimento do gosto pela leitura de literatura, uma vez que a realidade apresentada pelo texto é muito distante da realidade vivida pela juventude.
Além disso, a maior parte das atividades privilegiadas pelos materiais didáticos está centrada em respostas a questionários de interpretação, decodificação do significado das palavras em um determinado contexto comunicativo, análise dos elementos gramaticais ou cópia literal de expressões do texto.
Este tipo de trabalho com a leitura está centrado em habilidades mecânicas de decodificação da escrita literária, sem reflexão ou diálogo com o texto.
Para Geraldi (2004), a leitura é um processo de interlocução entre leitor / autor mediado pelo texto. O leitor não é passivo, mas agente que busca significações.
O texto literário tem uma linguagem específica, extremamente conotativa, o que pode dificultar a interação entre o aluno e o texto literário. Por não entender que se trata de uma linguagem artisticamente trabalhada e não compreender seu vocabulário, que muitas vezes é de outro século, o aluno cria um distanciamento em relação à Literatura e acaba aceitando a interpretação do professor sem promover um diálogo com o texto, deixando de perceber a literatura em seu aspecto artístico, sua natureza educativa e a gama de valores, crenças e pontos de vista de seus autores, que podem influenciar grandemente na construção do senso crítico.
Uma das metodologias para construir tal criticidade no leitor é utilizar estratégias de leitura e o desenvolvimento de habilidades lingüísticas centradas em conhecimentos sobre o autor, a época de produção da história, o gênero textual e seus objetivos, proporcionando ao aluno leituras diversificadas, mesmo que nem todos os objetivos propostos pelo professor sejam alcançados, sempre privilegiando os diversos gêneros textuais, dando a oportunidade de o aluno construir ou desconstruir significados, centrado no desenvolvimento das competências interativa, gramatical e textual.
A aula de literatura não pode mais ser tradicional, centrada meramente em memorização de características das escolas literárias, dados de autores e datas de publicação de obras. É preciso analisar os recursos lingüísticos e expressivos do texto literário, as características que o diferenciam do texto que utiliza linguagem comum, relacionar o texto a um determinado contexto social, estabelecer relações com outros textos da época de produção ou da atualidade, para poder ler o que está explícito e também o que está implícito, relacionando estes elementos ao conhecimento de mundo do leitor.
O texto literário pode e deve ser discutido e analisado por professor e alunos numa relação de diálogo, pois a literatura é o espaço da criação, da liberdade de pensar, desenvolve a criatividade humana, leva a refletir sobre o indivíduo e a sociedade.
Por isso deve ser trabalhada de forma livre e criativa, aproveitando seu permanente diálogo com outras artes como a música e o teatro, para favorecer uma crescente aproximação do texto literário com o aluno.
Pensando nestes aspectos, as aulas de literatura do Centro de Educação Básica São José são um espaço, também, de criação e interação com o texto literário, de diversas maneiras, uma das quais o teatro “Julgamento da Capitu”, totalmente centrado na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. É um, dos muitos trabalhos diferenciados desenvolvidos durante o período letivo, sempre voltado para a construção da excelência.

GERALDI, Wanderley João (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2004.




Um comentário:

  1. Muito Bom !! Vocês estão de Parabéns, a iniciativa de disseminar informações da escola, através de Blogs e outras redes sociais, deve ser enaltecida, aplaudida e sobretudo apoiada. Parabéns.

    Prof. Roger Amandio Luz
    Coordenador do Curso de Sistemas de Informação - ILES/ULBRA

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